Robalos e corvinas (no mar) |
Todo mundo já deve ter escutado ou lido a frase : “Tá estressado ? Vai pescar!”, no meu caso, acho que convivi com ela desde as primeiras horas da minha vida. Obviamente nasci chorando, e meu pai, homem do pantanal, deve ter achado que vim ao mundo “surtando” , e logo disse que a chupeta ideal para mim deveria ser uma bóia de pesca e que o meu provável ursinho de pelúcia teria que ser substituído por uma maletinha com anzóis, linha e chumbada, que segundo ele, jamais me deixariam chorar. O fato é que eu chorava, e eles, meus pais, nem desconfiavam que o que eu queria mesmo, era pescar de verdade. Sempre ganhava, brinquedos relacionados ao “setor pesqueiro” e isso me estimulava ao extremo !
Piranhas pequenas (em rio) |
Eu queria um rio, um lago, o mar, e não a mamadeira ou aquela bóia disfarçada de chupeta ! Quando eu balançava muito os braços, diziam que eu estava com cólica e gases na barriga, me colocavam no colo e me davam “tapinhas” nas costas, dizendo “já vai passar”, isso me irritava mais ainda, pois estavam atrapalhando todo o meu treinamento de arremessar a isca, eu exercitava meus braços para que ficassem fortes, para poder arremessá-las o mais longe possível. Eu começava a desconfiar que a minha vida seria um inferno até eu começar a falar !
Bagre Jundiá (na Chácara Pingafogo) |
Se eu ficava bem quietinho, imóvel mesmo, a tal ponto de não se escutar nem a minha respiração, já vinham todos eles me pegando no colo e dizendo, vamos chamar o médico ! Eu queria morrer de raiva, pois eu estava “treinado o silêncio” que se faz necessário em qualquer tipo de pescaria. Quando eu começava a rir sozinho, olhando meio que para o infinito, minha avó, um tanto mais mística, dizia “ele deve estar vendo alguém, crianças enxergam espíritos”, mal ela sabia que o motivo das minhas risadas era por imaginar o tamanho do peixe que eu iria pegar quando crescesse !
Eu e o barquinho dos meus sonhos … rs… |
Eu imaginava um barquinho de papel, bote inflável, lancha, tanto fazia, o que interessava era se daria ou não para pescar.
Os anos se sucediam e a minha ansiedade de começar a falar e pedir as coisas aumentava, mas sempre eu escutava “esse menino está muito agitado”, vamos ver se ele toma um chazinho de erva doce. Eu não queria chazinho de nada, eu queria era ser pescador. Percebi que a alternativa que me sobrava era aprender a falar.
Quintal perfeito na casa de um grande amigo ! |
Treinei meus lábios e dei força às minhas cordas vocais. Num esforço único, de quem queria se comunicar pela primeira vez, comecei a falar a letra “P”, mas antes que eu a emendasse com uma vogal (“e”), todos correram em minha direção e disseram “ele vai falar Papaiiiii” …ahhhh …queria que fosse mamãe, exclamaram minha mãe e irmã. Eu ia falar “peixe”, pois “pescaria” seria muito grande, mas de tanta raiva que fiquei, balbuciei em baixo tom, “PQP ninguém me entende !”. Os anos se passaram … cresci, aprendi a falar, virei pescador e tive um filho.
Pescaria solo do meu filho Ossami, pegou um cascudo. |
Se a genética é a responsável pela hereditariedade, o convívio com molinetes, redes, pés de pato e arpão, fazem nascer de fato um novo pescador, pois assim como eles me inspiraram, meu filho seguiu os mesmos passos e também aos 5 anos de idade, fez a sua primeira “pescaria solo”, com direito a fazer “xixi” na bermuda, de tanta alegria, dá para ver esse “detalhe” na foto….rs…
Meninos do Projeto Esperança na Chácara Pingafogo em Campo Magro. |
Influências boas modificam pensamentos, bons exemplos solidificam caráter. Agradeço ao meu pai pelos ensinamentos que ele me deu, e dediquei a ele o primeiro peixe que peguei em nosso lago. Nas minhas atuais pescarias, o anzol é meu instrumento prático, e a inspiração são as agradáveis recordações do meu querido e amado “PAIscador”…
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Fotos Beto Stec
Mozzilli
Obrigado Cris, não sei se escrevo bem , mas se levarmos em conta que os motivos que inspiram meus dedos e pensamentos, são vocês, nossos problemas e nossa união, pretendo um dia escrever um best-sellers ….rs… Um grande e maravilhoso dia para você ! Obrigado pelas suas gentis palavras.
Cris
…agradeço a DEUS,Mozzilli por vc ter aprendido a falar tão bem,pois sem a fala não poderia nos ensinar como é tão importante o som da palavra democracia e justiça! Vc está sendo muito importante para o nosso crescimento como cidadão honrado!Tenho maior orgulho de ter te conhecido!Fique sempre na companhia e paz de DEUS!TE ADMIRO MUITO!