Houve um tempo onde as fábulas e os contos de fada permaneceram imutáveis. Heródoto, um historiador grego que viveu entre os anos de 560 e 620 antes de Cristo, conta que Esopo, um escravo de extrema inteligência, narrava seus contos, protagonizando seus personagens sob a forma de animais, pois alegava que o progresso e sabedoria da humanidade imitava a vida dos bichos. O mundo evoluiu, os contos de fada também, e na pior das hipóteses readaptaram-se à novas realidades. Assim é a atual história de Campo Magro, um mesclado da estória do Lobo Mau, onde a teoria de Esopo, derrubou tabus e promoveu uma sincera amizade entre ele e os três Porquinhos.
PARTE I : Episódio – A saga de Slim Field
Conta a “contemporânea lenda” que na antiga floresta de “Slim Field”, os bichos viviam felizes sob o comando do Tatu Tamandaré. Em um dado momento, uma insurreição fez com que se separassem os pastos, lagos e rios e quem ali permanecesse, quer fosse de um ou outro lado, teria que sobreviver com seus próprios recursos. Sonhadores e visionários da fauna local, acreditavam no sonho “Fat Field” (Campo gordo), e nem de longe imaginavam que aquele momento seria o início de sérios problemas. Um líder seria necessário e a floresta entrou em reunião. Sob o comando de Tatus, Esquilos e Gralhas, elegeram o pássaro Joãozinho-de-barro, para organizar por quatro primaveras os destinos da nova e desmembrada floresta. Após oito anos um novo comandante seria necessário. Desta fez reuniram-se Lebres, Formigas e Sabiás, e confiaram toda a floresta ao sorridente e inexperiente BOi.
Os antigos capatazes de “Slim Field”, não corresponderam às expectativas e nova e ardente reunião foi convocada. Cobras, Gaviões, Cervos, Ratos, e pouco mais de 5.000 inocentes PATOS, escolheram o seu novo representante. Desta feita a bola da vez seria Zé, um Lobo de pequeno porte, mas de grande astúcia e rapidez. Até hoje Tucanos não tiveram oportunidade.
Naquela época, Lobo Mau ainda morava na floresta e seus negócios particulares no ramo madeireiro não caminhavam bem. Com a missão de cuidar da floresta, seu tempo para cuidar de assuntos pessoais, seria mais escasso ainda. O que fazer então ? Pensou e pensou e achou a solução. Convidou o inseparável amigo Castor, também do ramo madeireiro e juntos elaboraram planos e mais planos, para resolverem todos os seus problemas. Confirmando a teoria de Esopo, onde o seu próprio sobre-nome indicava seu caráter, começou a colocar os pés pelas mãos, achando que toda a fauna da floresta apenas trabalhava e amamentava as suas crias, sem entretanto notar, que pequenos e isolados rebanhos de outras raças, sutilmente o sondavam com os cantos dos olhos e as mãos nos pergaminhos arquivados nos velhos troncos da floresta.
Roncos de moto-serras, cortes irregulares, poluição em nascentes, incêndio nas matas, raças não adestradas em cargos estratégicos, agrotóxicos, mudas de plantas superfaturadas, adubo somente em terras particulares, tudo era apenas o começo do total desequilíbrio ecológico na floresta semi destruída de “Slim Field”.
O desastre tornou-se público. Lobo Mau e Castor, tentam por todos os meios escaparem da descrença popular. Idas e vindas ao veterinário, nunca comoveram o restante da fauna. Em uma desesperada tentativa de sucesso, mudam a originalidade de sua própria fábula e se aliam aos antigos inimigos.
Baby – o porquinho atrapalhado -, por pouco não sai da outra estória e vem para esta, deixando-se levar pelo alto poder de per$ua$ão, ao ficar na iminente dúvida de aceitar ou não, de presente, uma ração de melhor qualidade, tendo ainda a garantia de que os outros bichos da floresta não o molestariam.
Lobo Mau agora é amigo dos três porquinhos…
( CONTINUA EM BREVE NA PARTE II : Episódio – Mandos e desmandos.)