O trator da Prefeitura queria derrubar a casa. Para onde iriam as crianças ?

Hoje a tarde (01) recebi um convite via celular, para fazer uma visita e entrevista com uma família que mora no Jardim Boa Vista. A maioria das casas do local já foram derrubadas pela prefeitura (veja fotos de hoje) e os moradores realojados nas novas casas do PAC. Porém a família de Claudineia, uma jovem mãe de dois filhos ainda pequenos, não foi realojada, não tem para onde ir, sua casa pode desmoronar a qualquer momento,  não existe mais acesso à ela, e ainda teve que passar pela constrangedora situação que disserto a seguir.

Fotos que tirei de dentro da casa. Percebam a altura do barranco onde ela está situada !

A casa está situada à beira de um barranco que está desabando, de aproximadamente 40 metros de altura e entre ele e as paredes da casa existem apenas um metro de espaço, que é usado como caminho.  Para ver a íntegra da entrevista, e as imagens da precária e perigosa situação da família, assista o vídeo no final desta reportagem. Em resumo, pelas palavras de Claudineia e de sua mãe Sra. Marizete, o diálogo teve a seguinte sequência  : Perguntei o que tinha acontecido e a jovem mãe me respondeu que “o trator da prefeitura chegou lá para quebrar a casa, mas que não foi o homem da máquina que queria”, disse-me ainda a entrevistada : “o tratorista falou que o Itamar mandou quebrar a casa com nós aqui dentro, mas a gente não deixou a máquina passar para trás…”,  em outro trecho ela diz ” as casas ao lado foram derrubadas e deixaram tudo no carreiro”. Desta forma, agora eles não tem como subir ou descer com as crianças e ninguém ainda falou qual atitude será tomada.

Foto 01 : Residência à beira do barranco que desmorona. Foto 02 : profliferação de ratos, precaridade de higiene devido ao remanejamento em massa.

Relatou-me que procuraram a Sra. Camila da Ação Social da Prefeitura, e que nenhuma resposta foi dada. Em seguida, tomou a palavra em depoimento, a Sra. Marizete, que após desabafo indignado sobre o abandono de sua filha e de seus dois netos pequenos (vejam o vídeo), nos relata que conseguiu o telefone da Sra. Lorena, da Cohapar, e que esta disse que agora o problema é da Prefeitura e do setor de análise. Disse revoltada que sua filha não pode ser jogada na rua, que as crianças estão vivendo com ratos, aranhas, ao lado de um barranco que está caindo e arriscando perder as duas crianças na barroca. Disse que a Defesa Civil, representada pelo Sr. Itamar,  mandou quebrar a casa e que o  entulho que ficou no caminho não deixa ninguém sair do local. 

Primeira foto : menos de um metro entre o precipício e a janela da sala.

Relatou-me que quando soube do acontecimento, chegou ao local e lá encontrou sua filha e netos todos na chuva. Na sequência a Sra. Marizete procurou novamente a Sra. Camila, que lhe informou que era a família que deveria dar um jeito na situação. A indignada avó, termina a entrevista dizendo as palavras “se tem justiça para cachorro de rua, para um ser humano também vai ter que ter! “ Na sequência, sai de dentro da residência de Claudineia e filmei o inacessível espaço que sobrou entre telhas, escombros e precipício, para que ela saia e entre em sua casa …. Procurei a vizinhança e fui informado que nesses próximos dias, a última casa da região, que situa-se na beira do asfalto, terá seus moradores realojados e a casa derrubada, e que se isso acontecer sem que haja providências, o fio de luz que abastece a residência das crianças de Claudineia será interrompido, agravando ainda mais a precariedade com que a família está vivendo. Aguardamos providências e em breves postagens estarei editando e divulgando matéria com os áudios que a nossa equipe tem, referentes à  Sra. Camila e Sra. Lorena. Creio que um franco, objetivo e humano diálogo entre todas as partes envolvidas, não só acabará com erros interpretativos das frases que foram faladas, mas realojará a família para um local seguro. Todos devem estar ao lado do povo, acreditamos nisso e estaremos acompanhando o caso. Um produtivo inicio de fim de semana a todos.