UM ESTRANHO PAPAI NOEL.


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Muitas vezes, as tradicionais estórias que escutávamos na nossa infância, nos deixavam com a falsa impressão de que tudo era maravilhoso, certinho e honesto. Entretanto essa doce ilusão vai por água abaixo à medida em que  crescemos e começamos a perceber que o “mundo adulto”, por muitas vezes, é governado por contadores profissionais de estórias, dotados de um péssimo caráter e um insistente e persuasivo cinismo.
Aproveitando que estamos em época de natal, nada mais adequado do que contar a estória de um Anti-Papai-Noel, aquela peçonhenta criaturinha de óculos que tem o péssimo hábito de modificar as tradicionais regras da sociedade, colocando a decepção e o mau exemplo não só no coração das criancinhas.
Mas quem é o Anti-Papai-Noel ? Pois bem vou lhes contar.
Em uma cidade, não muito longe de Curitiba, de gorro na cabeça e roupa vermelha, ele surgiu com promessas de distribuir “presentes”, cuidar  das crianças, e zelar por quem lhe escrevia relatando as suas necessidades.
Enquanto queria fazer boa fama, a todos dava atenção, respeito e cortesia, e por muitas vezes, mesmo sendo uma atitude ilícita, distribuía até dinheiro para os que lhe estendiam a mão. Quando assim agia, mais mão aberta ficava com os seus admiradores-aproveitadores. Nesta época, não frequentava publicamente os botecos, e suas pinguinhas “pro Santo” eram discretamente ofertadas à eles somente na calada da noite. Todo esforço era bem vindo para se tornar famoso e bem quisto.

Assim fez fama, e já empossado em definitivo do seu gorro e saco de presente, tratou de personalizar a tradicional frase “RO RO ROOO…” para “RO RO ROOOUBO…”, mais apropriada à sua escrota índole.
Em vez de ofertar, atualmente ele tira de todos o que puder ser-lhe útil. Abusado em suas atitudes, pois conta com a sua tropa de renas para qualquer eventualidade negativa, foi aos poucos enchendo o seu próprio saco de presentes. Transbordante que este está, o Anti-Noel se dá ao luxo de distribuí-lo com quem lhe garante o controle absoluto de seu trenó. 
Nas reuniões com as suas renas, Anti-Noel é explícito ao dizer que a colaboração que espera delas, tem que ser ao seu comando, a seu tempo e à sua maneira. Qualquer uma que não concordar com suas imposições, terá o seu feno diminuído, água racionada, ou quem sabe até submetida a regime total de fome. As mais experientes em puxar o trenó, são cientes de que após cada chicotada, ganham um considerável agrado, amenizando assim a dor do açoite. As menos experientes, desconhecendo o esquema de propulsão do trenó, ficam em dúvida se o empurram ou puxam-no. Em pouco tempo porém já aprendiam a lição. Puxar, empurrar, carregar no colo ou alçar voo, são atitudes que não lhes pertencem. Elas não são donas de suas vontades. 
Dois natais se foram, e outro chegou. Anti-Noel, certo da total impunidade com a contínua e ilegal arrecadação de seus próprios presentes, não consegue perceber que entre suas renas compradas, existem renas sérias que apoiam muitos outros participantes desta magnânima festa natalina. 
Estes coadjuvantes são trabalhadores que plantam o feno que as alimentam  e podem a qualquer tempo, consertar ou quebrar de vez o seu trenó … 
Está chegando a hora de entregar a fantasia !   


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