Eu, você, todos nós, somos inventores de “epítetos” ou no mínimo transformadores deles. Epíteto é uma palavra derivada do grego –epíthetos– que significa apelido, transformação !
Acredito que a “hereditariedade da vida”, nos fez agir desta maneira , pois desde a época dos nossos bisavós, já criávamos o hábito de transformar nomes e palavras. No remoto tempo das Capitanias Hereditárias, uma das palavras mais comuns que falamos já começava a sua caminhada rumo à mutação de sua grafia e som.
Dizia-se antigamente : “Vossa mercê, vai lá hoje ?” o tempo a mudou para “Vós mecê, vai lá hoje ?”, depois para “Você vai lá hoje ?”, em seguida para “Vc vai lá hoje ?” e atualmente “C vai lá hoje ?”. Se a escala de mudança não tiver fim, nosso grande e futuro problema será inventarmos sons para os acentos gráficos, pois somente eles sobreviverão …rs…
Nasceu, Antonio Mascarenhas de Alencar Damasceno, nome forte e nobre, mas se crescer magrinho vira “Tonico” e se ficar gordinho vira “Tonhão” !
Compra-se uma linda e pomposa cachorrinha. A família reunida a noite, fica na dúvida se o nome será Tutsy ou Mitsy. O tempo passa … a cachorrinha cresce e atende pelos nomes de Tutu, ou Mimi, e outras vezes ainda por gordinha ou peluda. Mas existem coisas piores que isso ! Meu doguinho da chácara, se chama “Laysa do Arikan” (com o sobrenome do canil), um mastim de 60 quilos e muito bem cuidado, mas que insistentemente o caseiro a chama de “Pulguenta” ou “gorda”.
Independentemente de se ter um nome forte e bonito, se nasceu loiro vira alemão, e moreno um dia acaba virando negão.
Se ainda está na maternidade é princesa, se sorri no berçário vira bizumguinho(a), se dorme muito é “piguixoooso“. O que esses bebês pensam da gente, quando falamos assim ? Eles já tem nome, e dificilmente por eles são chamados ….rs…
Tenho parentes em São Paulo, cujos pais deveriam estar em um momento insano ao escolherem os nomes reais de seus filhos: Lusbelira, Vuldinamira e Baudemperge . Com esses nomes até fico favorável a que tenham apelidos, mas não consigo encontrar a origem desses epítetos : Lusbelira virou Xantica, Vuldinamira passou a ser Diquinha e Baudemperge atende pelo nome de Boca. O que é pior ? Os nomes ou os apelidos ?
Existem casos contrários e/ou indefinidos, onde se sabe o nome-apelido e desconhece-se o apelido-nome. O papagaio que tive na adolescência vive até hoje, mas não consigo definir se ao chama-lo de Nico, ele estará atendendo pelo seu nome ou pelo seu apelido. Sempre via meu pai aproximar a sua mão na gaiola e falar : “dá o pé Nico!” PeNico ? Seria esse “nome feio” a origem do seu apelido ou nome ?
Epaaaa, Feio é o nome do meu que dei ao meu cachorro mais bonito. De caçador virei caça ! Melhor ficar quieto e terminar a postagem.