SEGUNDO IPEA, CAMPO MAGRO TEM ÍNDICE DE HOMICÍDIOS TRÊS VEZES MAIOR QUE CURITIBA


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Os territórios com maiores densidades de letalidade encontram-se na mesorregião Metropolitana, ou seja, na Região Metropolitana de Curitiba e no litoral paranaense. Os destaques são os municípios de Matinhos (86,7), Guaratuba (69,5), Campo Magro (67,3) e Piraquara (64,5), que possuem taxas cerca de três vezes maior que a de Curitiba (24,6).

Divulgado esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), o “Atlas da Violência – Retrato dos Municípios Brasileiros 2019” trouxe boas notícias aos curitibanos. Elaborado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estudo revela que nos últimos 10 anos Curitiba conseguiu reduzir em 43,84% a taxa de homicídios (por 100 mil habitantes), que passou de 43,8 em 2008 para 24,6 em 2017, último ano com dados disponíveis.

No primeiro ano da análise, a capital paranaense havia registrado um total de 800 homicídios. Até 2013 o número foi reduzindo gradativamente, até alcançar a marca de 576 em um ano. Em 2014, contudo, os números voltaram a subir (653 mortes) e, nos anos seguintes, oscilaram: caíram novamente em 2015 (559 homicídios) e voltaram a subir em 2016 (578). Em 2017, entretanto, registrou-se o menor número da série histórica: 470 homicídios na cidade,o que coloca Curitiba como a quarta capital com menor taxa de homicídios no país, atrás apenas de Brasília (20,5 homicídios para cada 100 mil habitantes), Campo Grande (18,8) e São Paulo (13,2). (continua após a propaganda …)



O estudo analisou os dados de homicídios nos 310 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2017 e fez um recorte regionalizado da violência no país. Do Paraná, foram 20 os municípios analisados mais detalhadamente.

Segundo o Ipea, os maiores índices de violência no Paraná, em geral, foram verificados nos municípios fronteiriços com o Mato Grosso do Sul e o Paraguai, assim como em alguns municípios mais ao centro do estado.

Considerando-se as mesorregiões do estado, as maiores taxas estimadas de homicídio foram verificadas no Sudoeste, Noroeste, Oeste e Cento-Sul paranaense. As três cidades proporcionalmente mais violentas do Estado – que não representam a realidade do Paraná, por terem taxas discrepantes em relação aos demais municípios e por serem cidades muito pequenas, com população abaixo de 10 mil habitantes – são: Espigão Alto do Iguaçu (134,9), Ibema (109,4) e Esperança Nova (108,0).

Outro dado revelado pelo Atlas da Violência é que, no Brasil, a distribuição dos homicídios é concentrada em alguns poucos municípios, sendo que 50% das mortes intencionais foram registradas em 2,1% dos municípios (ou 120 cidades). Nessa lista, os estados do Rio de Janeiro, da Bahia e de Pernambuco aparecem com destaque, com 16, 14 e 10 municípios, respectivamente. Do Paraná, são cinco municípios na lista dos 120: Curitiba, Londrina, São José dos Pinhais, Colombo e Foz do Iguaçu.

Aplicando o mesmo cálculo ao Paraná, temos que, em 2017, 5% dos municípios concentravam 57,5% dos homicídios. Em todo o estado foram registrados 2.759 assassinatos no ano referido, sendo que os municípios do estado com mais de 100 mil habitantes (20 das 399 cidades paranaenses) concentraram 1.587 dos registros.

Especialista em cobertura policial, o jornalista curitibano João Carlos Frigério acompanha há mais de uma década o dia a dia das polícias do Paraná. Procurado pela reportagem do Bem Paraná, ele comentou sobre os números do Atlas da Violência 2019, afirmando notar a queda no índice de homicídios em Curitiba no seu dia a dia de trabalho

“Eu acredito que sim (os números estão de acordo com a realidade). Não é que 43% (de redução na taxa de homicídios) pareça ser um número muito alto, mas é que o número de homicídios que era desproporcional”, comenta Frigério. “Eu cheguei a fazer, numa só noite, num plantão, sete homicídios. Lá por 2009, 2010, não passava um plantão sem ter assassinato na cidade, era uma coisa absurda”, complementa.

Ainda na opinião de Frigério, o que pode ter reduzido o número e a taxa de homicídios na Capital é o avanço na resolução de crimes contra a vida. “Se o cara é preso, ele não vai mais matar ninguém. E a DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) solucionou muito crime, não tem outra delegacia na RMC que tenha solucionado tantos crimes”, aponta.