Uma agressão a um torcedor do Coritiba Foot Ball Club, no ano passado, motivou uma operação da Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe) na manhã desta quinta-feira (28). Oito torcedores, de uma torcida do Atlético Paranaense, foram presos e Leonardo Henrique Alves é considerado foragido da Justiça. A polícia apreendeu até um fuzil na ação.
Segundo o delegado Clóvis Galvão, os mandados saíram para que a polícia continue a investigar o comando do grupo de jovens que foram expulsos da torcida organizada Fanáticos, do Atlético. “Eles não foram aceitos por causa das agressões que se envolveram. Saíram e continuaram agindo ao formar outro grupo, chamado ‘Guerrilha’, uma parte violenta da torcida organizada”, explicou.
As investigações para chegar aos envolvidos duraram aproximadamente 90 dias. Os policiais começaram a caçada depois do registro de agressão em que os integrantes da Guerrilha armaram uma emboscada a um ônibus do transporte coletivo que seguia de Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba, para Curitiba, com torcedores do Coritiba dentro.
Armados, eles pararam o coletivo e agrediram violentamente um torcedor. O rapaz, que estava com uniforme do Coritiba, teve toda a roupa retirada e, conforme o delegado, não morreu porque foi socorrido às pressas.
Além dos nove mandados de prisão, foram expedidos pela 2ª Vara Privativa do Tribunal do Júri 11 mandados de busca e apreensão. Nas casas onde os policiais fizeram as buscas, foram encontradas facas, um taco de baseball, bonés e camisetas de vários outros times, como o Coritiba, Paraná Clube e do Náutico, do Recife.
Foco era agredir
Segundo o delegado, a intenção destes envolvidos na operação era agredir qualquer torcedor que não fosse atleticano. “Agridem qualquer torcedor que eles encontrem, independente de ser de clube da capital ou não. Ao invés de sair para torcer por seus times, saem para praticar violência”, disse Clóvis Galvão.
Ainda conforme explicou o delegado, sempre que algum torcedor é agredido ou imobilizado pelo grupo, eles levam dessa pessoa alguma coisa que identifique o time considerado por eles como “rival”. “Por isso apreendemos camisetas de outros times, inclusive do Náutico. Estes uniformes são pegos por eles como troféus”, explicou.
Crime hediondo
Foram presos Leonardo Rodrigues Borges, vulgo “Baiano”, de 29 anos; Eliezer Machado da Silva, o “Gordinho”, de 20; Gênesis André Campo Carneiro, o “Chaves”, de 29; Jonathan Ramos, 22; José Paulo Rufino, conhecido como “Fio Guerrilha”, de 23; Luan Edilson Gonçalves Pereira Cavalheiro, 25; Reverson Vinicius Silveira Andrade, vulgo “Treze”, de 19, e Wagner Cusdodio da Silva, o “Waguinho”, de 27 anos.
Todos os detidos vão responder por associação criminosa, homicídio tentado, roubo e dano ao Patrimônio Público. “As penas dos crimes, se somadas, passam de 30 anos de reclusão. O que nós queremos deixar bem claro, é que o que eles cometeram é crime como qualquer outro tipo de crime. Principalmente a tentativa de homicídio, que é um crime hediondo”.
Alguns dos rapazes detidos já tinham antecedentes. Segundo o delegado, a maior incidência na ficha criminal dos jovens são os crimes de lesão corporal e vias de fato, geralmente cometidos em confusões entre torcedores.
Conforme a Demafe, Leonardo Rodrigues Borges, o “Baiano”, é o líder do grupo Guerrilha. O homem já era conhecido dos policiais da especializada, por ter se envolvido numa confusão na Arena Joinville, em 2013. Ele chegou a ser preso na época.
Fuzil apreendido
Além das camisetas e uniformes de torcidas. Durante o cumprimento de um dos mandados de busca, na casa de um rapaz em Campo Magro, os policiais encontraram um fuzil e uma espingarda de tiro automático. O pai do rapaz, um homem de 40 anos, assumiu ser o dono das duas armas.
Ele foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito sem numeração. O crime, conforme explicou a Polícia Civil, não tem a possibilidade de fiança. O filho dele, que nem na casa estava na hora das buscas, não foi preso, porque o mandado em nome dele era apenas de busca.