Os partidos brasileiros pagaram quase R$ 61 milhões para financiar campanhas de outras siglas nas eleições municipais de 2012. O dinheiro foi repassado por diretórios e comitês partidários para ajudar candidatos de legendas aliadas. Na maior parte dos casos, partidos que tinham candidatos a prefeito fizeram pagamentos para as campanhas a vereador das siglas que os apoiavam.
O Estado analisou 1.625 repasses acima de R$ 100 mil, feitos pelos partidos nas eleições do ano passado e identificou 211 transferências entre as legendas – os demais repasses foram parar em contas de candidatos da mesma sigla que fez o pagamento. As transferências interpartidárias somam R$ 60,9 milhões, o que representa 5,9% do total de R$ 1 bilhão que circulou nesse universo. Os repasses são legais e foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha.
Cientistas políticos e especialistas em direito eleitoral divergem na avaliação desses pagamentos: alguns acreditam que os repasses representam apenas o financiamento coletivo de um projeto político; outros afirmam que as transferências contêm indícios de uma barganha por apoio eleitoral. O PT foi o campeão que transferiu mais dinheiro aos seus aliados: R$ 18,5 milhões. O Segundo no ranking foi o PSDB, que mais ajudou as siglas amigas, com repasses de R$ 10,5 milhões. Parte do dinheiro financiou campanhas de candidatos a prefeito de outros partidos. O DEM foi o partido que mais recebeu recursos de outras siglas: quase R$ 7 milhões. Metade desse dinheiro saiu dos cofres do PSDB, que ainda tenta manter o combalido aliado, desestruturado após a criação do PSD, no espectro de alianças para 2014. O PDT obteve o melhor “custo-benefício”. O partido fez apenas um repasse de R$ 100 mil, mas recebeu o segundo maior volume de recursos, R$ 6,6 milhões – a maior parte do PT e do PMDB. É a política agindo dentro da lei, mas para o povo, ou contra ele ?