Com apoio de Larsson e da própria Volvo Brasil, foi criado um grupo com uma dezena de voluntários da companhia para cuidar da burocracia inicial. A idéia logo ganhou apoio interno e externo, tornando viável a criação da instituição com ajuda da Volvo brasileira, da matriz na Suécia e de uma ONG daquele país, a Sida, que auxilia projetos sociais em países em desenvolvimento. Hoje a fundação é mantida com donativos mensais voluntários de cerca de quatrocentos funcionários brasileiros da Volvo, direto na folha de pagamento, complementados pela empresa por meio de seu programa de responsabilidade social, que também desenvolve ações nas áreas de meio ambiente e segurança no trânsito. A Fundação Solidariedade foi criada com o objetivo de oferecer um trabalho consistente e de longo prazo, no que se diferencia de entidades semelhantes como as casas de passagem, nos quais menores ficam em condição provisória.
No pequeno sítio de Campo Magro há seis casas-lares onde moram hoje 48 crianças com idade de 5 a 12 anos. Em cada casa, reunidos por faixa etária e sexo, elas têm uma espécie de pais adotivos que acompanham suas rotinas e necessidades diárias, seja na escola, em atividades de ensino complementar e no lazer. Também têm obrigações que vão além de manter seus quartos e objetos pessoais em ordem, como ajudar a cuidar da horta e dos jardins da casa. O limite máximo de oito crianças por casa foi definido a partir das experiências registradas ao longo dos anos, levando em conta qualidade de vida e capacidade gestora dos monitores e pais sociais contratados pela fundação. Além dos pais quase-adotivos há equipe permanente que conta com gestor, pedagogos, psicólogos, instrutores e professores que se alternam em atividades complementares ao ensino formal recebido nas escolas públicas locais. Há pouco mais de 5 anos, elas contam com um novo espaço para estas atividades, a Casa Cultural Texaco, prédio patrocinado pela empresa petrolífera que abriga biblioteca, videoteca e três salas de aula. Atividades artísticas como coral, dança e música também são oferecidas. Os mais velhos ensinam os mais jovens a usar computadores, há um deles em cada sala de aula. Marilene Kulcheski, gestora da fundação, acredita que “a melhor solução para cada um deles é o núcleo familiar”. Por isso a instituição não se limita a oferecer moradia, educação e sustento, mas também cuida de encaminhamentos. Cerca de setenta das cem crianças que passaram por lá em seus vinte anos foram reconduzidas ao núcleo familiar, aos pais ou familiares próximos. Outras 15% foram adotadas por brasileiros e estrangeiros e os demais conduzidos ao mercado de trabalho e à vida social a partir da maioridade. Campo Magro merece mais projetos, Campo Magro merece políticos de verdade !